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Kick-Ass (2010)

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Chegou finalmente aos cinemas a tão aguardada adaptação de Kick-Ass. Os leitores assíduos deste blog e aqueles que não sendo assíduos sabem usar um formulário de pesquisa perceberão que há muito que se fala por aqui em Kick-Ass. E o resultado é o que se esperava: um hino à ultraviolência feelgood com um agradável dose de humor negro bem equilibrada fazendo jus à velha máxima “I have come here to chew bubblegum and kick ass…and I’m all out of bubblegum.”

Se nos vamos pôr a filosofar acerca daquilo que se perde a adaptar uma obra destas (ou outra qualquer) para o cinema, vamos decerto estar a perder tempo. Os meios são diferentes e há que proceder a algumas alterações cirúrgicas, seja devido a haver um público alvo diferente da BD e a narrativa tem que ceder ligeiramente aos moldes convencionais, como por exemplo a gestão de climax e a inevitável história de amor. Mas isso não perdoa o erra comum de estupidificar a obra, despindo-a de todo o seu corpo musculado para criar um produto que caiba confortavelmente dentro de um template pré-formatado.

Com este fardo fora do lombo devo dizer que gostei muito de Kick-Ass. Eu estava receoso mas a adaptação retém toda a essência daquilo a que estávamos habituados a ler. Aliás, há mesmo uma mudança de protagonismo com Hit Girl e levar todas as medalhas e menções honrosas, delegando a Kick-Ass o papel de fio condutor e de… Bom, o mais interessante, que é comer a gaja. Uma das razões para o êxito na adaptação é que Mark Millar já fez a BD a piscar o olho à adaptação, o que torna as coisas mais fáceis. Agora que o exito de Kick-Ass se concretizou já roda por aí a sua nova BD com adaptação assegurada ao grande écran: Némesis…

A dinâmica é muito bem gerida, num passo seguro sem tempos mortos. O casting foi muito bom, especialmente no caso de Hit Girl. Mas andam ali tipos há uns 10 anos a interpretar papéis de personagens de 17 anos, o que não deixa de ser ligeiramente perturbador. Boa fotografia. Cores BD e grão tipicamente indie. Muito potencial existe neste primeiro tomo de Kick-Ass que será certamente explorado até ao cúmulo do insuportável, mas por enquanto cá estamos satisfeitos por vê-lo.

Quanto às alterações mais profundas há alguns acrescentos a fazer. É certo que por motivos que mencionei anteriormente há coisas que têm que ser modificadas. Também para quem conhece a BD convém alterar as coisas para não ser mais do mesmo. Não discordo da história de amor inexistente na BD, acrescenta alguma tensão. Mas não gostei especialmente de se ter revelado logo a identidade de Red Mist e da batalha final. Na BD a cena final envolve uma tal carnificina que até mesmo para Kick-Ass parece excessiva. E quando as coisas aparentam não poder ser piores aparece um lança-chamas numa mochila da Hello Kitty. No filme temos recurso a um meio de locomoção extremamente geek que todos gostávamos de ter na garagem, mas não assenta bem no filme. O epílogo pós matança sanguinária tem um teor demasiado Spiderman / Superman para o meu gosto. Mas gostos são gostos.

Eu não consigo abstrair-me o suficiente para perceber o que é ver este filme sem conhecer o que o precede. Certamente haverá um certo sentimento de “What The Fuck?“  e até repulsa por certos elementos, mas o sentido de humor é e sempre foi sinal de intelecto desenvolvido. Ou se tem ou não se tem.

Só uma achega final. Esperava muito mais sangue. Quer dizer, não esperava porque transpor aquele morticínio fortemente gráfico para o grande ecran é impensável e retirava mesmo muita credibilidade ao filme, mas o meu lado negro não se importava de ver isto, por exemplo:

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