No final de Iron Man 2 mijei-me de pânico pelas pernas abaixo por ter tido uma pequena amostra daquele que é o meu maior pesadelo. Uma ameaça que há anos paira sobre nós, qual piano de cauda, que vai e volta consoante as marés. Um evento que poderá por si só por fim à humanidade tal como a conhecemos, nem que seja por breves segundos. Estou a falar, como é óbvio, do ameaçado remake de Robocop, essa incerteza que nos retira força de vida a cada dia que passa.
Verdade seja dita que o primeiro Iron Man foi para mim uma agradável surpresa. Preparava-me para assistir ao mais abominável dos filmes quando fui conquistado, plano após plano, por uma energética nova abordagem cinematográfica ao universo Marvel, ao contrário dos anteriores esforços plastificados, forrados a CGI nada realista e fogo de artificio para talegos. Neste primeiro Iron Man há uma réstia de honradez humana, um pulsar emocional com o qual nos possamos identificar. Não no facto de todos termos problemas quando vestimos a nossa armadura de robot voador assassino, mas no facto de se sentir a urgência do sofrimento humano, o instinto de sobrevivência. Excluo desta bela alegoria os 15 minutos finais, o tal fogo de artificio obrigatório para talegos.
Mas o mesmo não esperava desta segunda parte. Não porque o meu superior instinto cinéfilo me fez desconfiar, mas porque por toda a parte choviam críticas com uma mensagem comum: o filme não vale uma merda.
E mais uma vez lá fui eu ver outro Iron Man preparado para assistir ao mais abominável dos filmes. No final outra surpresa. Iron Man não é definitivamente o mais abominável dos filmes, é apenas mais um filme abominável, que não sendo propriamente um elogia acaba por o equiparar ao estatuto de “Blockbuster Comum”.
A única coisa que pode salvar este Iron Man 2 dos poços da fetidez cinematográfica é a performance de alguns actores que salvam o filme com o pêlo. Tenho que admitir que gosto cada vez mais de Mickey Rourke, esse actor renascido que parece um misto de Bruce Willis caído num bidão de ácido sulfúrico com um Stallone fundido num pod de teletransporte com Snoop Doggy Dog, mas em louro. Consegue fazer um excelente vilão ou um extremoso pai de família. Robert Downey Jr. também faz um fantástico Tony Stark ao ponto de ser dificil de imaginar outro actor no papel. Por outro lado, o feminino, Scarlett Johansson abana o rabo e faz miau (e mais nada) e Gwyneth Paltrow é um ódio pessoal que tenho, por isso nada que possa dizer dela a eleva acima de enjoada com eterno sindrome pré-mestrual. Mal representado, o lado feminino.
Bom, o certo é que Iron Man 2 nada mais é do que um longo teaser trailer, promo movie dos Avengers que devem estar por aí a estrear, mais ano menos ano. E baseado no que vi até agora desse teaser / promo trailer a minha vontade de o ver equipara-se em expectativa à minha vontade de entalar os testículos na gaveta das meias por acidente. Já agora, quem diabos é o Nick Fury? Eu de Marvel não tenho grande background, só as capas de Wonderwoman que usava para esgalhar o pessegueiro na quarta classe.
O filme acaba por ser um CGI porn com narrativa errática e débil, quase inexistente. Tem os seus momentos que rapidamente se esquecem devido à estupidez da batalha final. Podia ser pior…